José Martins de Vasconcelos nasceu na cidade de Apodi, no dia 11 de novembro de 1874. Ainda muito moço foi para mossoró a fim de procurar trabalho e estudar. Ali iniciou sua vida, desenvolvendo atividades modestas; foi vendedor de jornais, alfaiate, músico, para depois ingressar no jornalismo, dedicando-se ao mesmo a serviços tipográficos, instalando uma tipografia, ``O NORDESTE´´, ainda hoje em pleno funcionamento. Participou ativamente de todos os movimentos literários e políticos de sua época, fundou jornais, fez teatro, criou bandas de música, escreveu e publicou os seguintes livros: ``Saltérios de Saudades´´(poesias), ``Renovos D´Alma´´(poesias), ``O Sultão´´(poesias), ``Histórias do Sertão´´(contos), ``Goivos´´(poesias). Faleceu em mossoró aos 73 anos de idade, onde viveu e desenvolveu suas atividades de jornalista, poeta, músico, comerciante e intelectual dos mais primorosos.
MINHA TERRA (APODI)
VINHA DE LONGE, DE OUTRAS TERRAS VINHA CISMADO EM TI, A LUZ D´UM SOL CANDENTE QUANDO VISEI-TE NO TAPIZ FLORANTE, FORMOSO E ALTIVA, O MEIGA TERRA MINHA.
VI-TE CINGINDO UM ARREBOL QUE TINHA UNS NIMBOS DE OURO SOB O CÉU RIDENTE; RIA A TEUS PÉS UM ESTENDAL VIRENTE DE UM LAGO AMENO, ONDE O AMOR SE ANINHA!...
VIA A IGREJINHA DE SÃO JOÃO BATISTA, NOSSO PATRONO; E A CAPELINHA ANTIGA DO CEMITÉRIO, ONDE EU FUI BATIZADO.
QUANTA SAUDADE NESSA TARDE QUISTA TIVE DE TI, COMO DA QUADRA AMIGA DE MINHA INFÂNCIA, O MEU TORRÃO AMADO.
MOSSORÓ, 8 DE AGOSTO DE 1903
JOSÉ MARTINS DE VASCOCELOS
8 comentários:
O grande intelectual Apodiense MARTINS DE VASCONCELOS nasceu na antiga "Rua da Aurora", atualmente denominada de Rua Antonio Lopes Filho. Foi a maior expressão cultural de Apodi nos destinos da intelectualidade mossoroense. é imprescindível,pois, que nós Apodienses saibamos reconhecer e valorizar este grande expoente cultural da nossa amada terra,abordando sua potencialidade cultural nas escolas,enfocando,também o folclorista,criador do monstro folclórico denominado de "LABATUT",
cuja descrição encontra-se no google, no ítem folclore brasileiro.
Enquanto nós Apodienses olvidamos o grande intelectual conterrâneo, o CÂMARA CASCUDO traçou um memorável perfil do mesmo, em sua coluna diária intitulada de "ACTA DIURNA",escrita no famoso jornal "A REPÚBLICA",com sede em Natal, em edição de 12 de Janeiro de 1948. Vejamos a íntegra nos comentários que seguem:
"JOSÉ MARTINS DE VASCONCELOS, homem do Apodi,
morador no Mossoró, devia ser maior de setenta anos ao falecer. Baixo,moreno,lento,a face serena era iluminada por dois olhos vivos,perscrutadores,inquietos,ardendo,como lumes de aviso e de alerta,denunciando vida interior.
Realizou a figura sugestiva do autodidata sertanejo,preso à terra,como o caramujo à sua concha,gravitando ao redor de interesses pobres,
num raio melancólico de ação. Mas esse movimento,
direção e força que o animavam foram sempre as mais nobres,num plano superior de pensamento.
Aprendeu sozinho a ser professor e advogar.Chegou a dirigir o próprio GRUPO ESCOLAR DO MOSSORÓ e ir à tribuna forense como Promotor Público. Sabia músicas,compunha. Musicou uma revista teatral do Prof. Eliseu Viana,"Mossoró por Dentro". Fundou,dirigiu,ajudou a viver a dez jornais mossoroenses. Publicou dois livros de verso e um de prosa. Neste "HISTÓRIAS DO SERTÃO",reuniu material folclórico,costumes,mitos,tradições da Chapada do Apodi.
Quando estudei o "Ciclo dos Monstros", retirei de "Histórias do Sertão" o documentário de um deles, o raro e horrendo LABATUT, para a "GEOGRAFIA DOS MITOS BRASILEIROS". Nunca deixei de
procurá-lo quando visitava Mossoró e ouví-lo conversar na redação do "Nordeste", que durou tantos anos. JOSÉ DE VASCONCELOS, na sua tipografia,parecia um pesquisador num laboratório.
Imprimia versos populares,espalhando pelo sertão os folhetos registradores da vida provinciana, da gesta heróica dos cangaceiros,dos desafios tempestuosos,guardando a vida da nossa literatura tradicional e popularesca. Vez por outra recebia eu uma boa remessa desses folhetos.Assim viveu sempre entre livros,aspirando cheiro de tinta de imprensa,sonhando jornais,sociedades literárias,reunindo todas as alegrias, tão raras,do convívio intelectual. Sobre o túmulo humilde do jornalista sertanejo sem títulos universitários,podíamos escrever o mesmo epitáfio de OLIVEIRA LIMA, no sentido de Mount Olivet: "AQUÍ JAZ UM AMIGO DOS LIVROS".
Oi, estou pesquisando a genealogia da minha família e tenho uns dados que meus tri avós são de apodi, Alexandrino Martins de Oliveira. Vc conhece a família?
Na mesma direção do colega acima, busco informações sobre José Martins de Oliveira, de Apodi. Acho que estamos numa memsma direação.
Agradeço por informações - skaraujo@hotmail.com
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